sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A II Guerra onde menos se espera

Nesta "semana do saco cheio" resolvi ler alguma coisa que não me fizesse lembrar de escola, trabalho ou estudos particulares. Então peguei Eu sou Ozzy na estante. Sim, é a autobiografia de Ozzy Osbourne, lenda do havy metal, vocalista original do Black Sabbath e, recentemente, famoso por causa de um reality show. O livro é hilário, pois o Ozzy é quase a personificação da piada. Ele não se leva a série e não considera nada digno de seriedade. O problema é que não consegui ficar sem lembrar da sala de aula. Logo nas primeiras páginas, quando ele comenta sua infância, Ozzy conta que:
Como muitos tanques, caminhões e aviões foram feitos nas Midlands durante a guerra, Aston foi muito atacada durante a Blitz. Em cada esquina, quando eu era criança, havia "lugares bombardeados" - casas que tinham sido destruídas pelos alemães quando estavam tentando acertar a fábrica Castle Bromwich Spitfire [avião de ataque inglês]. Durante anos, achei que "lugares bombardeados" era o nome que se dava aos playgrounds.
Birmingham bombardeada durante a II Guerra
Ozzy nasceu no ano de 1948 em Aston, suburbio de Birmingham, polo industrial no centro da Inglaterra. A guerra havia acabado em 1945, mas suas marcas permaneceram por longos anos, década de 1950 a dentro.
A II Guerra, ainda mais que o coflito anterior, tornou comum o bombardeio de áreas civis. Cidades inteiras foram bombardeadas, especialmente as que apresentavam grande concentração industrial. Logo no primeiro avanço alemão, a intenção era neutralizar o poder de resposta do mais forte adversário europeu, a Inglaterra. Assim, a Blitzkrieg, ou Guerra Relâmpago, buscava ao mesmo tempo avançar sobre a Bélgica, Holanda, França, Noruega e Dinamarca, e bombardear os centros urbanos ingleses. Depois, a mesma lógica foi utilizada pelos Aliados contra os nazistas quando da ofensiva a partir de 1943.
A cidade alemã de Dresden foi quase completamente destruída

O resultado foi um continente altamente devastado após o fim do conflito: cidades destruídas, populações massacradas e economia totalmente desorganizada. No entanto, a complexa conjuntura pós-guerra com o surgimento da Guerra Fria exigia que a Europa Ocidental se reconstruísse rapidamente a fim de fazer frente ao bloco oriental e comunista comandado pela URSS. A saída foi o Plano Marshall colocado em prática pelos EUA em 1947: a ideia era emprestar enormes quantias de dinheiro com condições de pagamento a longo prazo para afastar de vez os fantasmas da fome, do desemprego e... do comunismo, sempre esperando o apoio popular.
Até 1952, outros países europeus ocidentais necessitados receberam adubo, matérias-primas, combustíveis, máquinas e medicamentos no valor aproximado de 13 bilhões de dólares. (Para ler mais clique AQUI)
Cartaz do Plano Marshall buscava unir a Europa Ocidental
Vejamos o que foi contado por Ozzy. Sua infância foi ao menos até o início de 1960, e ainda assim havia "lugares bombardeados". É claro que o Plano Marshall não resolveu todas as questões, cicatrizes permaneceram por muito tempo na memória e nas cidades europeias, mas certamente teria sido pior sem esta ajuda emergencial.

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