sexta-feira, 1 de abril de 2011

O primeiro texto de um colaborador

Há alguns dias o ex-aluno Gabriel Krisman Bertazi me enviou um e-mail fazendo uma sugestão de texto para o blog. Tratava-se de uma notícia da Folha de S. Paulo a respeito de problemas recentes da Fuvest. Obviamente a pauta interessava, mas achei que poderia inverter a situação. Devolvi a sugestão e perguntei-lhe se não queria escrever um post. Junto com o "aceito" ele já enviou o texto prontinho.
Espero que esta tenha sido a primeira de outras colaborações (e não apenas do Krisman!).


Problemas na Fuvest: Treineiros disputam vagas reais

Essa semana li na Folha Online, no caderno Saber, sobre uma questão bastante séria que pode trazer grandes prejuízos aos vestibulandos. Trata-se dos “treineiros piratas” conforme definição da própria Folha.
Na Fuvest, existe a opção de inscrição como “treineiro” para os alunos que, por não terem terminado o ensino médio, não podem se matricular na USP. Assim praticam para quando puderem fazer a prova “para valer”.
A Fuvest disponibiliza três carreiras “fictícias”, uma de exatas, uma de humanas e uma de biológicas, nas quais os treineiros podem se candidatar, a fim de fazer a segunda fase da prova com matérias específicas de sua área de interesse.
Todavia, as vagas de ingresso na segunda fase nessas carreiras são limitadas. De fato, pela grande procura de treineiros, as notas de corte, essenciais para aprovação do candidato à segunda fase, costumam ser bem altas, se comparadas a diversos cursos reais da USP.
É nesse cenário que a Folha apresentou o problema. Para garantir que possam fazer a segunda fase, muitos treineiros acabam procurando carreiras reais, com notas de corte mais baixas, prejudicando candidatos que realmente buscam aquela vaga.
No vestibular 2011, por exemplo, no curso Ciências da Informação e da Documentação, oferecido no campus de Ribeirão Preto, 47% dos inscritos eram treineiros.
Essa situação gera grandes problemas para candidatos reais. Primeiramente, pelo aumento da relação candidato/vaga que, mesmo não sendo um fator direto que atrapalha no vestibular, sabemos a tranquilidade que um C/V baixo pode causar.
Outro problema gerado pelos treineiros piratas ocorre na hora da convocação. Como o número de treineiros aprovados nos cursos reais é bastante grande, a lista de aprovados varia muito de uma chamada para outra. Desta forma, muitos candidatos reais que poderiam ter passado nas primeiras chamadas, ficam para traz, e muitos, abandonam o concurso da Fuvest para se matricularem em outro lugar.
Mas o pior problema é, na minha opinião, as notas de corte. Com o aumento da concorrência nesses cursos, as notas de corte tendem a subir, barrando o acesso à segunda fase de candidatos reais, que poderiam ter sido aprovados.
Resolver a questão é fácil, a Fuvest poderia barrar o acesso, na inscrição, aos alunos que não tem ensino médio completo às carreiras reais, por exemplo. Mas a melhor atitude, aquela que beneficiaria tanto os candidatos reais quanto os treineiros, seria o aumento do número de vagas nas carreiras fictícias. Isto reduziria as notas de corte na raiz do problema, permitindo o acesso dos que querem treinar à segunda fase, sem atrapalhar quem quer prestar um curso menos concorrido.
Não se pode questionar a estrutura e a capacidade da Fuvest de fazer isso. Um exame que sempre foi exemplo de seriedade e compromisso, além de uma organização impecável, não vai permitir que candidatos saiam prejudicados. Por certo, a Fuvest tomará providencias. Só resta saber o que será feito, e como isso afetará os candidatos deste ano.
 
Notícia da Folha de S. Paulo AQUI

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