quarta-feira, 20 de abril de 2011

Trabalho Bimestral - 2a. série EM

Um lembrete nunca é demais, não é?
Semana passada entreguei em sala o roteiro de trabalho com todas as especificações. Não pretendo repetir tudo aqui, mas a proposta e os textos não faz mal.

Proposta:
Com base nos textos abaixo elabore um texto ou conjunto de textos discutindo as condições de trabalho no sistema capitalista.
É importante que seu trabalho contemple os seguintes pontos:
  • As condições de trabalho no século XIX, início da industrialização europeia.
  • As condições de trabalho no final do século XX e início do XXI.
  • Era esperado que houvesse alguma mudança ao longo dos séculos? Justifique.
Texto 1
“Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição.”
(O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de 1849)

Texto 2
“Pergunta: Os acidentes acontecem mais no período final do dia?
Resposta: Eu tenho conhecimento de mais acidentes no início do dia do que no final. Eu fui, inclusive, testemunha de um deles. Uma criança estava trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a máquina; mas a alça o prendeu, como ele foi pego de surpresa, acabou sendo levado para dentro do mecanismo; e nós encontramos um de seus membros em um lugar, outro acolá, e ele foi cortado em pedaços; todo o seu corpo foi mandado para dentro e foi totalmente mutilado.”
(John Allett começou a trabalhar numa fábrica de tecidos quando tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas fábricas aos 53 anos)

Texto 3
“Aproximadamente uma semana depois de me tornar um trabalhador no moinho, fui acometido por uma forte e pesada doença da qual poucos escapavam ao se tornarem trabalhadores nas fábricas. A causa dessa doença, que é conhecida pelo nome de “febre dos moinhos”, é a atmosfera contaminada produzida pela respiração de tantas pessoas num pequeno e reduzido espaço; também pela temperatura alta e os gases exalados pela graxa e óleo necessários para iluminar o ambiente.”
(Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank Forrest)

Texto 4"Oficina de costura necessita retistas (casados). Overlorquista. Urgente. 'Sábado não trabalha'. Bom Retiro". Os anúncios, a maior parte em espanhol, estão em um mural, à vista, aos domingos, das cerca de 3.000 pessoas que vão à praça Kantuta, no Pari, em São Paulo. À noite, mais ofertas de emprego com homens em Kombis circulam pelo local convidando para trabalho. Início imediato.
A inusitada fartura de vagas na cidade com quase 20% de taxa de desemprego esconde longas jornadas de trabalho (15,16 horas por dia), salários baixos --quando não deixam de ser pagos--, ameaças e condição precária de moradia e alimentação. É a versão urbana do trabalho análogo à escravidão – embora, em alguns casos menos rigorosos, o Ministério Público do Trabalho prefira qualificar de trabalho forçado.
O alvo dos anúncios é o imigrante ilegal latino, em sua maioria, boliviano --por isso a escolha da praça onde ocorre há dois anos uma feira de comida e artigos da Bolívia.
Nem a Polícia Federal nem o Ministério do Trabalho tem números sobre o problema, mas o que sai das oficinas de costura, espalhadas na região central (Pari, Bom Retiro, Canindé) e até em Guarulhos, movimenta parte do mercado de roupa na cidade. Lavanderias também integram o esquema. (...)
("Migrantes latinos são explorados em São Paulo". Folha de S. Paulo, 19.07.2004)

Texto 5
Imaginávamos que os progressos tecnológicos e a automação levariam a condições de trabalho menos penosas e mais saudáveis. Doce ilusão. É verdade que não se trabalha mais como na época de Zola [Émile Zola, escritor francês do séc. XIX]. Algumas tarefas duras e perigosas desapareceram, mas outras surgiram, colocando em risco a saúde dos trabalhadores. Na França do século XXI, duas pessoas morrem diariamente em conseqüência de acidentes de trabalho. Mortes invisíveis, ignoradas pelos meios de comunicação. Quanto às doenças profissionais reconhecidas – e de modo geral subestimadas – triplicaram em oito anos, atingindo 124 mil casos em 1999.
Por incrível que pareça, as condições de trabalho atuais nada têm a invejar às do início do século XIX. Os estudos sobre os acidentados do trabalho, realizados pela Direction de l’animation de la recherche, des études et des statistiques (Dares), controlada pelo Ministério do Emprego e da Solidariedade, estão cheios de provas nesse sentido. Tal como o de Emmanuel, com 17 anos, jovem aprendiz de carrocerias, obrigado a trabalhar a dois metros de altura, sem qualquer proteção e com ferramentas que não conhecia. Quando foi atingido por um fragmento no olho e caiu, seu patrão o fez se tratar sem declarar que se tratava de acidente de trabalho; quando o aprendiz voltou, foi submetido a diversos vexames... a ponto de romper seu contrato de aprendizado; o que o obrigou a deixar a escola. Emmanuel jamais trabalhará com carrocerias. A partir de então, vive de bicos e outros contratos por tempo determinado (CDD), com seqüelas (visão diminuída, problemas na coluna...). Seu caso não é único. Entre os 27 jovens, acompanhados durante três anos pelos pesquisadores, que saíram do curso de informática aplicada à mecânica, seis foram vítimas de acidente de trabalho, e apenas um foi declarado como tal junto ao Serviço de seguro-saúde.
(...)
Os assalariados mais velhos não são poupados. Um operário de uma fábrica terceirizada da Sollac, em Dunquerque, por exemplo, morreu após uma extenuante jornada de... 21 horas. Os especialistas descobriram inclusive um nome – "burn out" (exaustão) – para esse fenômeno de esgotamento no trabalho. Nem todas as vítimas morrem, mas a maioria sofre patologias pesadas (depressões, problemas nas articulações, dores na coluna...).
Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais mudaram de forma, mas nada perderam de sua força destruidora. "Após uma década de redução, entramos em uma fase de aumento lento e regular dos acidentes", indica a Dares, na conclusão de sua pesquisa sobre as condições de trabalho na França em 1998. Essa constatação bate com a da Fundação Européia para Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (conhecida como Fundação Dublin), após dez anos de pesquisas na União Européia.
(Martine Bulard. “Uma máquina que mata”. In: Le Monde Diplomatique, 01.12.2001. In: http://diplomatique.uol.com.br/, acessado em 18.01.2011)

Prazo de entrega: 05 de maio

 Simples, não é? Qualquer dúvida me procurem no Colégio ou aqui, pelo espaço para comentários.

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