quinta-feira, 5 de maio de 2011

Qual a educação que queremos?

Discutir o melhor modelo de educação é assunto que não acaba mais. E não importa se entre professores ou pessoas nem tão da área assim. O que eu não vejo é estudante falando sobre o que espera da própria educação.
Esta semana saíram alguns resultados de discussões que estavam em andamento há algum tempo a respeito de mudanças na área: aumento de carga horária e possibilidade de criação de áreas dentro do ensino. Por ora são apenas indicativos, a prática vai demorar um pouquinho ainda, de modo que nenhum dos meus atuais alunos verão as mudanças, ao meu ver, positivas.
O aumento da carga horária (aproximadamente uma hora a mais por dia), é sonho antigo dos educadores, especialmente dos que atuam no ensino público. Parte das escolas privadas já possuem uma grade extendida, porém o paraíso será o período integral. Claro que não um dia inteiro de sala de aula tradicional, porém é difícil negar os benefícios de uma educação mais ampla e que contemple um desenvolvimento mais plural do estudante.
O outro ponto em questão é a flexibilização dos currículos. Primeiramente, pretende-se permitir que o Ensino Médio tenha mais de 3 anos, o que seria ótimo para o ensino noturno que acaba espremido por causa da legislação atual. A outra parte da proposta é permitir que as escolas montem um programa pedagógico mais flexível e que o aluno possa optar por uma entre quatro áreas de atuação: ciência, tecnologia, cultura e trabalho (?). É clara (e interessante) a relação com os cursos técnicos e a constatação de que a formação dos trabalhadores brasileiros como um todo é falha. Mas também fica evidente a preocupação com a construção de uma escola mais "democrática" e adequada aos estudantes atuais.
Seria também louvável se essa revisão das diretrizes para o Ensino Médio de algum modo estimulasse a reflexão sobre os vestibulares e o entendedimento da formação universitária. Ao meu ver, devido a falhas da formação do Ensino Médio e do desenvolvimento do mercado de trabalho brasileiro criou-se a "mania" (por falta de palavra melhor) de considerar que a única formação válida é a universitária. Por consequência, todo o ensino ficou voltado para os vestibulares: estuda-se para passar no vestibular e não para aprender algo consistente. Mas só precisamos de profissionais diplomados?
Por fim, vejo aí um efeito colateral curioso. Pensando em meus alunos que sofrem para escolher uma carreira no vestibular, como seria ter de escolher uma área de "concentração" já no começo do Ensino Médio? Acredito que todos sejam capazes de tomar uma decisão desse porte, só vamos ter de abandonar aquele ritmo "quando chegar na 3a. série eu decido (ou começo a me preocupar)...".
Será que os estudante conseguirão pensar a educação como algo de seu interesse e não só como desejo de seus pais?

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