quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mais uma vez a "primavera"

Antes de mais nada devo fazer duas observações. Primeiramente, sempre que posso utilizo ou recomendo artigos e reportagens da Revista de História da Biblioteca Nacional aqui no blog. Apesar de existirem atualmente várias outras revistas, eu simplesmente não acredito que outra tenha tanta preocupação com o rigor e a qualidade do material publicado como a RHBN.
No entanto, e esta é a segunda observação, a revista dedica-se especialmente à História do Brasil, de modo que a não ser que haja alguma relação com a nossa história, o mundo não aparecerá na RHBN. A exceção que se faz é ao fato da editoria da publicação ser bem antenada nas, digamos, necessidades educacionais dos leitores. E na internet criaram a seção #pergunteaohistoriador.
De modo bem objetivo, a resposta do historiador é um texto curto e direto, assim com costumam ser também as perguntas. Uma leitora perguntou a queima roupa: "o que foi a Primavera dos Povos?".
Eu escrevi anteriormente a respeito dos acontecimento de 1848 (AQUI e AQUI), mas considero a leitura da resposta do professor da PUC-Rio, Mauricio Barreto Alvarez Parada, muito bem formulada e deixa claro, logo na primeira linha, o que tem motivado a reincidência deste assunto.
É possível responder essa pergunta de várias formas. Acredito que a motivação inicial seja o uso constante do termo para designar o processo de crise política por que passam atualmente os estado nacionais autoritários do norte da África, Oriente Médio e península arábica frente à manifestações populares. No entanto, a imagem da “primavera” como um despertar político não é original nem recente. Nos séculos XIX e XX, a ideia já tinha sido usada.
Originalmente, o termo “primavera dos povos” está associado às revoluções ocorridas na Europa central e oriental em 1848. A grande onda de reivindicações iniciada nesse ano, que tinha em sua agenda política a extensão do direito de voto e a ampliação de direitos das minorias nacionais, foi uma resposta à política continental de restauração que conduziu as decisões internas dos Estados europeus após a derrota napoleônica. Incapazes de absorver as mudanças propostas pelo ideário liberal/burguês e mesmo de processar a incorporação dos novos grupos sociais surgidos das transformações sociais da industrialização crescente, os Estados monárquicos europeus viram eclodir diversas revoluções. O ponto de partida foi a França. (CONTINUA)



O link da Revista de História da Biblioteca Nacional já está disponível aí ao lado faz um bom tempo. Mas recomendo também que a sigam no Twitter: @RHBN. Atualizações e conteúdos exclusivos do site todo dia.

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