quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Das efemérides

Palavrinha estranha esta. Efemérides vem tanto do grego quanto do latim. Os gregos entendiam por este termo algo relativo ao cotidiano, ao dia a dia, ou à lembrança desse acontecimento, enquanto que o romanos deram outro entendimento, mais prático. Para estes as efemérides eram o registro diário dos acontecimentos, um memorial. De modo que este movimento de anotar os acontecimentos para futura lembrança está profundamente ligado à ideia do cronista.
Veja, a crônica atualmente é um gênero literário, mas que ainda guarda algo de seu sentido original. Seu radical vem de cronos, ou seja, tempo. Assim, o cronista era aquele encarregado de anotar as efemérides, os acontecimentos do dia a dia. Claro que não se tratavam de quaisquer acontecimentos, mas particularmente os ligados aos reis e demais figuras públicas de importância social incontestável. Justamente por isso que o cronista, visto como o avô dos historiadores, foi caindo no esquecimento. Hoje em dia anotar apenas os acontecimentos ligados aos poderosos não interessa à história.
Contudo, ainda temos algo destas épocas, uma mania em rememorar grandes marcos, em quase comemorar ou celebrar de tempos em tempos algum evento entendido como importante. Quem mais gosta de efemérides nos dias atuais e no universo dos estudantes é, sem dúvida, o vestibular.
Os vestibulares adoram lembrar "grandes eventos" e aproveitar esta lembrança nas provas de história. Tanto é que a maior parte dos professores veste sua fantasia de vidente e tenta adivinhar entre as inúmeras possibilidades, o que será alvo da FUVEST, ou da Unicamp, ou...
Nós temos neste ano, por exemplo, 50 anos da Construção do Muro de Berlim, 50 anos da Renúncia do Presidente Jânio Quadros, mas, mais recente, temos os 10 anos do 11 de setembro.

Foto: Steve Ludlum/The New York Times
O "11 de setembro" é daqueles acontecimentos que se transformaram em marco instantâneo. Todos foram unânime em dizer que o mundo mudara depois dos atentados às Torres Gêmeas. Avaliações que variaram entre alarmismo, desespero e precipitação se espalharam pelo mundo nos anos seguintes. A verdade é que ainda estamos um pouco longe de reflexões mais equilibradas e despidas de tanta paixão, mas 10 anos depois muita coisa já emergiu daquele primeiro oceano de islamofobia, de guerra ao terror e violência como resposta à violência.
Por isso, recomendo a leitura do Especial 11 de Setembro do Estadão. Vídeos, reportagens, comentários, fotos, podcasts, infográficos compõem este esforço de dar conta de toda a complexidade decorrente de um evento que durou algumas horas e impactou a todos por anos (até o momento, por 10 anos).




P.S. É claro que vocês podem ler qualquer outro "especial". Ou melhor, o ideal seria ler mais de um. por isso, Vejam ainda:

FOLHA
BBC
VEJA

A Carta Capital parece não ter feito um "especial" num único link, mas há muitos artigos, reflexões e comentários interessantes.
O mesmo acontece com a Le Monde Diplomatique Brasil, mas a busca por 11 de setembro trás artigos antigos muito bons.

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