segunda-feira, 19 de março de 2012

Camburões e navios negreiros

Os alunos da 2a. série tinham duas opções de atividades optativas para este bimestre tiradas do Livro Didático. Uma delas foi de longe a mais escolhida: uma reflexão sobre uma música do O Rappa.
A música em questão é Todo camburão tem um pouco de navio negreiro e as questões sugeriam duas análises, uma em relação à história da escravidão no Brasil e a outra a respeito da realidade brasileira atual.
Para quem só leu a letra, aproveite para ouvir a música:



Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio NegreiroMarcelo Yuka, Falcão, Marcelo Lobato, Nelson Meirelles, Alexandre Menezes
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? Qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?
É mole de ver
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
É mole de ver
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
É mole de ver
É mole de ver
Que todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)

Pessoalmente considero a música muito interessante. A comparação entre a violência preconceituosa -  responsável por criar um binômio quase automático negro-bandido ou, pelo menos, negro-suspeito - com a violência da captura dos africanos para vendê-los como escravo é muito feliz. A música toca em questões delicadas como hierarquia social, o preconceito mascarado (mas atuante), violências explícitas e outras nem tanto (como ignorar os problemas dos outros), etc.
Para aprofundar essa análise entre o braço branco do traficante de escravos e o braço branco da sociedade atual sugiro a leitura de dois posts antigos:





Para os alunos da 2a. série é uma ótima dica de estudo para as provas. Já para a turma da 3a. série, bom, a ladainha de sempre que vocês já conhecem: pensem no fim do ano.

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